segunda-feira, 14 de setembro de 2009


Ela era um monólogo.
Gostava de ser assim.
Até que um dia ele veio e lhe propôs um diálogo.

No começo era ela quem mais falava, pois tinha que se acostumar com sua nova condição.
Pra quem era solo, entrar em sintonia num dueto não é tão simples.
Ele soube esperar.
Ele sabia que ela era um drama, um romance dramático.
Mas ele soube exatamente em qual parte da cena entrar.
O que parecia ser apenas um filme, foi se estendendo.
Virou um seriado.
Teve suas crises de audiência.
Quase virou novamente carreira solo.
Ela ameaçou algumas vezes voltar a ser monólogo.

Ele, a atuar em outros palcos.
Ela colocou um ponto final no texto dos dois.
Então, ele veio, com cuidado adicionou dois pontos ao lado.
O ponto final virou uma reticência.
E o que era pra ser a cena final, virou um ‘continua no próximo capítulo’.

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